
segunda-feira, 24 de novembro de 2008

segunda-feira, 7 de julho de 2008
1,2,3... gravando
quinta-feira, 29 de maio de 2008
Me and You and Everyone We Know.
O tom entoado nem sempre é a realidade, às vezes, as veias circulam-se em grito.
Débil estão os olhos que não vêem mais o escuro, de lá tudo é arrancado.
Seguir em frente nem sempre é sofrer, ou viver. Seguir em frente é simples, é seguir em frente sem se preocupar com o tom.
Sim, o problema é o tom.
Boca; ora a mão chega até ela. Ora o sorriso não é satisfatório, assim como a dor.
Onde foi que nos perdemos?
No sorriso, no olhar?
Perdi-me dentro de você.
Onde estás perdida, dor? Inside!
Toco-te, onde dói? No feel
E na verdade algumas dores são só suas, realmente não importa as perdas e ausências.
Depois de dito, o que sobraria? O tom.
Enchentmentes of the heart
You and me; simples assim.
Você e eu; too late.
Demasiado tarde.
Everyone We Know.
A falta, o tempo, o amor é atemporal.
Onde estás paz? No feel.
Mayara Aguiar
domingo, 11 de maio de 2008
E ela continua a rodar, a girar.
Você tenta, tenta e não consegue.
E em uma atitude desesperada você enche a cara
Vai para frente de um espelho e passa horas ali,
Congelada, tentando ver algo,
E mesmo assim continua sem repostas.
Cheguei a conclusão que quanto mais você quer algo
Mais rápido isso se afasta de você,
E com a mesma velocidade a dor se aproxima;
É muito mais fácil ser apático,
Levar a vida do jeito que ela te leva, sem pesares.
Usar máscaras, ser uma falsa verdade,
Mas quem disse que eu gosto de coisas fáceis?
Sempre gostei do improvável, daquilo que me desafia,
E não, não vai ser agora que vou mudar;
Marica Munster
Animus (termo em latim para mente ou espírito, constitui o lado masculino na psique da mulher).
consegui olhar-me olho no olho no espelho
e ver o que realmente sou,
ou parte disso.
Vi uma carcaça razoável,
de cabelos sedosos,
dentes amarelados,
olhos tristes...
Mas aqui vem a parte realmente interessante.
Por baixo disso tudo,
achei o que realmente faltava,
uma infinita e clara confusão,
que o desconhecimento tirava-me o sono;
Um corpo feminino,
lábios femininos,
mãos femininas,
sexo feminino.
Mas que ainda não aceitara sua parte masculina.
Que a enoja, igualmente a seu sexo.
Que não quer deixar seus instintos falarem,
que sente necessidade de manter-se sempre sob seu controle,
o controle que a tira o ar;
O coração que sempre quis o que está longe,
pois o que está perto a faz tremer de medo e,
a enjoa rápido de mais
pelo fato de logo faltar-lhe logo surpresa;
Ela roda e ela gira, ela é pomba-gira;
Marica Munster
sábado, 3 de maio de 2008
anis
Sentada frente a um sofá vermelho escuro com estampa de onça, versava sobre os mais belos mundos e lugares. Olhava para a luminária cinza alaranjada acesa e via cores e formas; passava pelo cintilante, os perolados e prateados. Tudo isso tomando um chá de anis com bolachas gosto de nozes.
Tinha olhos grandes, e em grande parte das vezes, arregalado. Cabelo castanho claro, anteriormente os tinha verde musgo. A mãe, que já havia perdido a paciência, dizia que a filha sofria de insanidade sem delírio. Faltava-lhe alguma consideração e respeito intrínsecos.
Idônea em chorar, sabia que não podia mais viver tão calada.
“vive no mundo da lua?” “minhas idéias vivem cheias, por isso vivo calada” retorquia em tom suave e olhos que desviavam.
Que maneira absurda e absoluta de absorver a falta de dialogo a moça dos olhos arregalados tinha. Doratheia Divina num Fecho de Luz, dito por completo.
o sorriso,
os dentes,
tudo libertava Luz, que de tanta escuridão enxergava mais com o corpo do que com a alma. os olhos ficavam arregalados a observar a luminária, agora apagada pelo tempo.
E, de repente, a mulher virava menina; e sentiu um bicho dentro, a menina chorava. Entre os goles de anis via a fumaça esvair-se em suas mãos.
Caiu sentada no chão, queria deitar mudar-se pra lá. Chorou, virou bicho por ser mulher de novo. A luz alaranjada da luminária misturava-se com o anis em seus pensamentos. Lia versos, poesia de antigamente. Queria ser poeta, escritora, e menina. Chorou de novo.
No fim, encantada com o escuro perguntou “onde tu moras, paz?” O escuro calado, fechado acostumou-se com a idéia de fim de história.
Mayara Aguiar
domingo, 6 de abril de 2008
Varanda
Sentada de tardizinha na varanda o pôr-do-sol quase se afastando do céu, escutava o mar. Tanto fazia se ficava sozinha, desde que não desaparecesse de sua janela. Janelas abertas pra ver o pôr-do-sol e o cabelo dourado.
Logo a frente o mar, cheio de intenções, sorrisos e escuridão profunda. Os vícios eram os mesmos, pôr-do-sol o chá de melancia e aquela janela aberta. Parecia um conto quase de fadas; o cabelo balançava com a brisa, o chá esfriava e a janela permanecia lá sempre aberta, fizesse chuva ou sol, sempre estava lá aberta pro olhar mais atento.
Cruzavam-se pouco, sempre quando levavam o cachorro para passear, se olhavam, mas nunca se falavam, eram vizinhos, estudavam na mesma escola, tinha os mesmo amigos, mas nunca se falavam. Só se olhavam, e olhavam como se amassem talvez se amasse, mas nunca se falavam.
Era inverno, o frio não a amedrontava ficava sempre na varanda a olhar a janela e o mar, o confidente de tudo.
Sempre do outro lado ele a olhava, sabia que sua varanda era amarela com cadeiras vermelhas, tinha flores de todos os tipos, os mais belos tipos, dos mais belos cheiros, da mais bela dama. Ele sempre sorria quando ela brincava com duck, o cachorro, e quando cheira a orquídea mais laranja, para ele a mais bonita, ou quando simplesmente sorria em direção da janela verde florescente.
A vontade de encontrar, só pra estar perto, junto, só de olhar e sentir o cheiro de orquídea, o cheiro que ela carregava no coração. Ela só de pensar em encontrar tremia as pernas, o coração batia tão acelerado que o medo de não estar junto lhe sufocava.
Ele disse: “- tens o que eu sempre sonhei, tens o mais belo.” Sorrindo com a cabeça baixa e as mãos suadas respondeu “- dói não te ver todo dia, não olhar-te pela janela verde florescente.” Vermelha e com as pernas tão bambas ela ficou com medo de se estabacar ali mesmo em seus braços.
Foram para o mar, é lá onde tudo se completa. Ela disse sussurrando em seu ouvido, “te amo”, ele completou, “te quero para sempre”. Beijaram-se como nunca alguém já se beijou se amaram ali mesmo, como nunca ninguém se amou.
Ela acordou, chorou por dias. Ele fora embora para onde seus olhos não o pudessem acompanhar. Ele chorou por não ter mais suas orquídeas, seu amor perfeito. Sempre se viram, nunca se falaram, sempre se amaram.
Mayara Aguiar
Ainda Tem
Porque ainda tem...
Ainda tem pias injetando os dias
Mulheres dizendo "você não me conhece"
Ainda tem...
Mesmo que precisão seja coisa para quem julga
E não para quem se entrega as esferas
E ainda tem hoje
O dia inteiro ainda tem
E ainda tem a vida toda
O que resta da vida toda
E os restos de todas as vidas
E as novas e dessas as que virão
E as que vão
As tanto, as tão, as nem
Ainda tem
Um enigma não é espantalho
Que também tem
Porque enigma não é espantalho
Que também tem
Mesmo que ninguém saiba decifrá-lo
Ainda temque ninguém saiba decifrá-lo
Ainda tem
Um trem e uma rima
Ainda tem uma menina correndo de vestido rosa contra o fundo verde
Ainda tem Suécia e Grécia e Suíça
E míssil e missa
E fóssil e glossário
Ainda tem aquário e peixe boiando
E o otimismo dos que se privam
E um jardim da saudade e um cemitério do coração
Ainda tem
Ou menos ou mais
E tem você
Que não me tem
Mas eu ainda tem
E tem fuck you e fucsia
E um mundo melhor sem música...
E um quarto vago num prédio abandonado na rua da amargura
Ainda tem
Os outros e ninguém
Tem um monte de caminhos
E a vontade de percorrê-los
E a preguiça de perseguí-los
Na rua em que só se fala socorro alguém grita eu,
Ainda tem o poeta que unificou os títulos
Da confederação brasileira de poesia
Da associação e da super-liga
E que na verdade é um cara simples
Ainda tem arAR-15 e o barco desde o rio
Ainda tem
A falta de sentido da vida
A flexibilidade que tudo exige e que acumula detritos na garganta, ali, onde já não há mais
Paladar e tão somente a matéria pequena, irritadiça e frívola;
E o medo ricocheteando o medo de Ter medo...;
O corpo envelhecendo e seus passados;
E cada virgindade;
E o aprendizado da solidão e sua temperatura única;
E os fantasmas reencarnados em fantasmas em outros ou até em si mesmos;
E o infinito e todas as suas máscaras: máscaras dos livros, dos acontecimentos,
O eterno baile de máscaras de infinitos como espelhos sem vidro: a tinta metálica sobre o ar polido
O eterno baile de máscaras de infinitos como espelhos sem vidro: a tinta metálica sobre o ar polido
Tem cinema, ipanema, novena, novela, vela, nó
Tem re-pe-tir tu-do
OuUmpedaçosó
Mas tem
E não faltará nada
E faltará tudo
Porque ainda tem o mundo
E então um menino sentado no chão pensando ou sonhando
Porque pra um menino sentado no chão
Não tem diferença entre pensar e sonhar
E não faltará método nem protagonista
Porque ainda tem
Um roça escura pra capinar sob a lua
Ainda tem a mulher nua e decidida
Tem feridas sem cura
E cura sem dor
E não faltará
Nem talvez
Porque ainda tem
De novo e outra vez
A glote, a hepiglote, o culote
Sufixos e crucifixos
Pais- nossos e filhos-da-puta
Ainda tem culturas e cacatuas e croatas
E arraiais e arraias
Ainda tem do céu pra cima e da terra pra baixo
Ainda tem tanta coisa
Mas tanta coisa
Que também não tem então
E daí tem de novo
E pára e volta
E pára pra sempre e não volta nunca mais
E é incessante
Porque ainda tem
Sempre tem
Ainda
do poeta, ator, apresentador, homem, e poeta poeta Michel Melamed.
Mayara Aguiar
sexta-feira, 21 de março de 2008
Crise
Escutar Radiohead me faz pulsar com mais intensidade... Pode parecer exagero, mas fico diferente. Sinto aquela voz e aqueles instrumentos cada um à sua vez... Cada um tem seu significado, cada nota é uma gota de sangue que enche meu coração. Há quem ri quando falo isso. Pode ser um pouco exagerado, mas acredito que seja quase o que acontece, o que sinto. A música, em geral, faz com que eu sinta com mais força.
Tem um bocado de amigos meus que dizem ser interessantíssimo gostar de música, pois ela representa a personalidade da pessoa, o nível mental, então alguém que mostra o seu gosto musical é transparente com a sociedade, porém o meu gosto musical é falho, devo dar valor à Música Popular Brasileira, afinal é a cultura de nosso país e blá blá blá, blá blá blá, blá blá blá... Papo de pseudo-intelectual. Só de usar essa palavra já me sinto como eles, prefiro falar “metidos à besta”!
Agora não é uma boa hora para lembrar coisas ruins, quer dizer, gosto dos meus amigos, mas gostaria que eles cuidassem pelo menos do gosto musical deles.
Acabei de sair da casa do meu namorado, desci cinco andares de escada. Hoje o dia pede reflexão. O segundo semestre está começando. Faço Serviço social. No início pensei que o fato de me interessar pelo trabalho humanitário em países de grande miséria fosse um indicativo de que eu pudesse fazer o curso com vontade. Talvez a prática seja realmente mais instigante. Ajudar as pessoas, resolver alguns problemas de fome e desnutrição seria muito gratificante. Soa um tanto egoísta falar isso, mas foi o que aconteceu. Só pensei nas ações quando escolhi esse curso, nem passou pela minha cabeça o quanto de teoria eu teria que enfrentar até um dia, se eu tivesse sorte, poder entrar para uma comunidade humanitária. Talvez eu não tenha vocação para trabalhar com isso, nem sequer posso entender meus amigos! QUERO abandonar o curso...
A professora de Introdução à Psicologia pediu que levássemos um CD qualquer que tivesse a palavra “vida” no título de alguma música. Não sei o que ela pretende, mas acabei de descobrir que não tenho interesse em descobrir.
Já andei uma boa distância desde que saí da casa do Fernando, eu estava indo procurar o tal CD. Por algum motivo não vou mais. Deve ter sido toda a crise de consciência que acabei de ter. Estou desistindo do curso... Voltando pra casa do Fernando...
Voltar é mais fácil. Eu nem queria ter saído, não gosto de andar pela rua, entre muitas pessoas. Sociopatia?!!!! Eis a grande descoberta... Prefiro ficar sozinha com o Fernando. Algumas vezes falamos à beça, todo tipo de assunto, comida, livros, sociedade, plantas, festas, pessoas, planos de vida futura etc. Quando não temos o que falar, transamos. O tempo todo também. Não falamos nada. Só no caso de um dos dois sentir fome é feita a pergunta “quer comer alguma coisa?”. Gostaria que quando eu chegasse ele estivesse sem assunto, seria um bom desfecho para o dia.
Enquanto voltava, vi três pássaros. Dois pareciam estar num desafio. Eles abriam as asas, saltavam e faziam muito barulho. O terceiro só olhava e emitia um som às vezes, como se fosse da torcida. Imaginei que fosse uma disputa entre machos para decidir quem ficaria com a fêmea, espectadora. É! Só pode ser isso.
Gosto de observar o comportamento humano. Sempre ando com uma câmera fotográfica para registrar os momentos mais relevantes. É uma digital muito útil. Dessa vez tirei da bolsa para gravar os passarinhos. Consegui alguma coisa, mas logo fui embora. Falta de paciência.
Vou pelo elevador dessa vez, o momento de reflexão acabou. Quando cheguei perto do apartamento escutei a música que o Nando estava ouvindo, “Paperbag Writer”, indefinível... “It was nice when it lasted but now it’s gone...”. Peguei a câmera novamente pra deixar gravado o momento em que eu chego à casa dele ao som de Radiohead, só eu acharia isso parecido com cena de filme.
Ele raramente trava a porta, então eu entrei direto. O volume do som estava muito alto, mas a música era incrível. “take your armour off, you’re not under attack” estava passando quando eu o vi. Eu, com a câmera na mão, registrando minha entrada cinematográfica na casa, sem querer registrei também o momento em que ele enfiava a língua com voracidade na boca de uma garota, enquanto puxava um punhado de cabelos.
Eu sentia a garganta apertando, uma dor de agonia no coração e vontade de vomitar, mas permaneci ali por mais uns quinze segundos até que quando ele quis olhar nos olhos da donzela, acordou de seu sonho e me viu, ali de pé, ainda com a câmera. Nesse tempo, devem ter passado umas cem atitudes que eu gostaria de tomar.
Olhei para a garota que estava estática olhando para mim e saí. Ele, como todo bom homem cínico, foi atrás para dizer que não era nada daquilo que eu estava pensando. Eu realmente não tenho reação para certas situações. Só desci as escadas correndo ao ponto de quase cair.
Quando cheguei lá embaixo tinha um táxi na frente do prédio. Entrei nele. Desci uns dois quarteirões à frente. Eu só queria fumar um cigarro. Nessa hora eu desejei profundamente um cigarro. Enquanto fumava, na minha mente passava ”no surprises”.
Dayana Loiola
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Desista-me
O dia estava cinza, li no jornal que a semana seria cinzenta. Na encosta ventava muito. De longe avistei uma moça, ruiva, cabelos compridos, magra, olhos grandes e quebrados.
A fitei por um tempo, ela se sentou na areia, pegou um livro, acendeu seu galaxy e chorou por tempos. Seria culpa de Gabriel Garcia Márquez? Ou seu cigarro apagara?
Por um instante pensei em sentar-me junto à moça, mas uma súbita dor nas pernas me derrubara. Já não tinha meus dezoitos anos, depois dos cinqüenta as dores são constantes, posso contar nos dedos os dias que passei sem fazer qualquer queixume.
Permaneci sentado, dez minutos, me recuperando, pude enfim me levantar. A moça agora permanecia imóvel como quem desfalecia a cada minuto, ela tinha um olhar fixo no horizonte. Aproximei-me dela, logo perguntei se podia me sentar ali a seu lado. Ela, com sorriso gasto e com uma voz gentil, disse que sim.
- Porque choras?
Com uma lágrima presa nos cílios e uma voz calma respondeu – Já lhe roubaram a vida?
Surpreso com a pergunta disse que ninguém poderia roubar a vida de alguém.
Novamente com um sorriso, ela disse - Roubaram a minha!
Ela suspira, me olha com um olhar aconchegante, agora com uma voz desesperadora. – Passo todas as minhas tardes a esperar no cais pelo navio que nunca retorna. Pelo navio que nunca vai, que nunca vem. Mas, simplesmente quando ele vai, minha vida vai junto e se ele não voltar, como posso voltar a viver?
Como que uma música triste suas palavras bateram que nem um prego na madeira dura, ríspida, a procura de uma brecha para adentrar. Elas penetraram em minha alma, minhas entranhas se contorciam, senti uma forte dor no peito, meu coração disparara com suas palavras.
Só me senti assim uma vez quando minha mãe morreu. Em sua cama, quente, acolhedora que tinha um cheiro de erva doce nos travesseiros. Uma das poucas lembranças de minha infância é de minha mãe. Ela que sempre antes de dormir tomava um chá de camomila, dizia que era para “acalmar os nervos e suportar mais um dia”.
Ela sorriu, deu-me um beijo na testa, se levantou e entrou no mar. Foi, foi, foi até onde minhas vistas já não a alcançava mais. Voou, voou, voou feito um passarinho. Ela salvou minha vida. A moça dos olhos quebrados.
Mayara Aguiar